Formato de Abóbora

NEM UMA COLETÂNEA  DE LIVROS TÃO PESADOS QUANTO TIJOLOS
TRAZEM O PRAZER E O SIGNIFICADO DOS TEUS DIÁLOGOS IMAGINÁRIOS
POUCAS E RARAS PALAVRAS COM ETERNOS E GRANDES SIGNIFICADOS
A GRAVIDADE DESAPARECE, TUA FALA É UM UNIVERSO PARALELO

COMPARAR TUAS PALAVRAS AS DEMAIS SERIA UMA LUTA INJUSTA
COMO COMPARAR O SUSTENTO DA SEMENTE DOS DEUSES E COMIDA
O BRILHO DA MINHA ALMA PELOS MEUS OLHOS TRANSPARECE
COMO DOIS FARÓIS ACESOS NA MAIS ESCURA E DENSA NOITE

O CALOR QUE VEM ME AQUECE E CONFORTAVELMENTE ME ABRAÇA
COMO OS BRAÇOS DOS PAIS AO ACONCHEGAR NO PEITO A CRIANÇA
ENCOSTO MEU SER NO SEIO DE TUAS PALAVRAS PARA DESCANSAR
E POSSO DORMIR POR UMA ETERNIDADE NO TEU PULSAR

ENQUANTO UM BURACO NEGRO EM SILÊNCIO ENGOLE O UNIVERSO
EU NÃO PERCEBERIA NADA DO QUE VEM DESAPARECENDO
É TÃO RARA, MAS TÃO PRECIOSA A FRAÇÃO DA TUA ATENÇÃO
QUE DÁ SENTIDO A TUDO QUE HÁ AINDA SEM EXPLICAÇÃO

Imã Desmagnetizado

AS VEZES SENTIMOS O PESO NOS DEDOS AO PASSAR AS PÁGINAS
E AINDA MAIS QUANDO NELA SE ENCONTRAM DERRADEIRAS PALAVRAS
OS DIZERES FINAIS DAQUELE PERSONAGEM QUE VOCÊ GOSTA
O ÚLTIMO RESQUÍCIO DO QUE FOI AQUELA AMIGÁVEL PRESENÇA

NAVEGAR AO LONGE PULANDO AS PRAIAS QUE NÃO LHE DESEJAM
EXIGE UM ESFORÇO MAIOR, PORÉM AS CALMARIAS O RECOMPENSAM
AINDA QUE SEJA LINDA A VISTA E A ESTADIA QUE SERÃO PERDIDAS
A TRANQUILIDADE PARA A ALMA É UMA RECONFORTANTE CONQUISTA

DECAI COMO UMA EQUAÇÃO LOGARÍTMICA VOLTANDO AO INÍCIO
NO CONTAR DOS GRÃOS QUE CAEM OU DO SONORO PONTEIRO
QUALQUER QUE SEJA A MEDIDA MARCARÁ O ESQUECIMENTO

A LEMBRANÇA É COMO A VELHA CICATRIZ DO SENTIMENTO
TU SABES QUE UM DIA EXISTIU, MAS JÁ NÃO TEM EFEITO
JÁ NÃO DESPERTA DOR OU PRAZER, E ISSO É O PIOR

Diário Do Doce Coração

AS MENSAGENS PARARAM DE ALCANÇAR A RECEPTORA,
PARECE QUE AFINAL AS SINAPSES FORAM CORTADAS,
AS MENSAGENS ESCRITAS DESAPARECEM NO NADA,
ASSIM COMO TAMBÉM SOMEM AS LÁGRIMAS NA CHUVA...

UM BLOQUEIO INTENCIONAL, ACIDENTAL, SABOTAGEM?
MISTÉRIOS! MAS UMA PERGUNTA QUE NÃO É ENTREGUE,
NUNCA, JAMAIS, RETORNARÁ RESPOSTA ALGUMA,
E TUDO QUE SOBRA É PARA SEMPRE A DÚVIDA...

COMUNICAÇÕES CORTADAS USO MEU ÚLTIMO FÔLEGO
PARA DEIXAR NÃO NUM GRITO, MAS NUM SUSSURRO
EU TENTEI, EU QUIS, NÃO DESISTI, AINDA QUERO,
FALHAS PALAVRAS QUE NÃO CHEGARÃO AO DESTINO...

ESCREVI O QUANTO EU PUDE DE MIM PARA TI
E AGORA EU SÓ ESCREVO DE TI EM MIM
A ARVORE QUE  CRESCE, E NÃO NOS DEIXA ESCALAR
MAS APRECIAMOS O QUÃO GRANDE ELA ESTA...

Minha Floresta, Meu Jardim

PONTIAGUDOS DEDOS DE INÚMEROS BRAÇOS
SE LANÇAM PARA ME AGARRAR OS OMBROS
BALANÇANDO NA MINHA VISÃO ESTA TURVA CENA
UM CANTO FÚNEBRE QUE SE ENTOA EM VOLTA

AS ARVORES QUE NA NOITE PARECEM VIVAS EM TERROR
GRITANDO SUAVEMENTE SEU GRITO TENEBROSO DE DOR
ME ESCONDEM. MAS TAMBÉM ABRIGAM O PERIGO
PROTEGENDO E AMEAÇANDO AO MESMO TEMPO

NO COMEÇO TUDO PARECE ASSUSTADOR E MORTÍFERO
MAS AOS POUCOS VIVE-SE SOB EFEITO DE SONÍFERO
O CALMANTE DA INERCIA TOMA CONTA DE TUDO
E CADA DIA É SÓ MAIS UM DIA PRA ESTAR VIVO, OU MORTO

NÃO HÁ LUZ POR MAIS FORTE QUE SEJA QUE DESÇA AQUI
O SOL BRILHA LA FORA QUENTE E MORNO AO CAIR
MAS A SUA LUZ ME ENCONTRA MESMO AQUI DENTRO
BRILHAS PARA MIM MAIS QUE SOL LONGÍNQUO SOMBRIO

CADA PALAVRA SUA DESTRÓI UM MONSTRO INEXISTENTE
AS MÃOS QUE ME PERSEGUEM RAPIDAMENTE SE RECOLHEM
POR MOMENTOS VIVO NA INTENSA LUZ QUE A TUDO FAZ VIVER
E EM SEGUIDA NA LEMBRANÇA QUE ELA POR AQUI ESTEVE

EM SEGUIDA QUANDO PARTES SÓ ME RESTA A ESPERANÇA
DE QUE UM DIA VOLTES PARA CONTIGO ACHAR A VIDA
QUE VOLTE ANTES QUE ME TRANSPASSEM DE LANÇA
E QUE FIQUE MEU CORAÇÃO EXPOSTO COMO LEMBRANÇA

VÊS NOS CAMINHOS QUE TRILHO EM PEDRA OU EM BARRO
NOS PERIGOS QUE ENFRENTO REAIS OU IMAGINÁRIOS
PASSO POR ELES SEM ME ATENTAR AO DIZER DO FUTURO
POIS O FUTURO SEM TI NÃO FAZ NENHUM SENTIDO
E ELE CONTIGO VALE QUALQUER CAMINHO TRILHADO

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