segunda-feira, 25 de março de 2013

Esparadrapo Velho

É UM CANTO QUE VEM SEM TOM
TÃO BAIXO COMO UM SUSSURRO
NÃO DÁ PRA SABER SE É BOM
MAS PARO PARA PODER ESCUTÁ-LO

AQUELE SOM QUASE INALDÍVEL
SE TORNANDO GRAVE E PROFUNDO
O QUE SERIA DE MIM PREFERÍVEL?
SER, OU NÃO SER NADA NO MUNDO

E QUANDO A VOZ SE TORNA UM GRITO
UM GRAVE SOM RASGANDO O DIA
A POESIA RECITADA PELOS CORVOS
DIANTE DE SUA REFEIÇÃO MORTA

É UM CHAMADO, UM PEDIDO, UMA SUPLICA
UMA ORDEM CANTADA PELO VENTO
A MALDIÇÃO DO PRÓPRIO CÉREBRO
UM CANTO DOCE, UMA VOZ TERNA

TAPO OS OUVIDOS PARA NÃO ESCUTAR
O CANTO INSISTENTE E INFAME PERSISTE
PRECISO DE ALGO MAIS QUE UM VELHO LP
QUEM SABE QUATRO CORDAS PRA TOCAR

A VOZ GRAVE QUE OUTRORA CANTAVA
AGORA QUIETA ESCUTA MEU DISCURSO
VOLTE A SER SUSSURRO, VOZ INGÊNUA
SUSSURRAR A QUEM JÁ ESTÁ MORTO

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