terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Vidro Novo

NUNCA TE LIGAREI DISSE O VENTO PRA JANELA SOLITÁRIA
NUNCA TE ESQUECEREI DISSE A JANELA AO VENTO FRIO
SEMPRE SOFRERÃO DISSE O INSENSÍVEL LUSTRE DO TETO
SILENCIO QUERO DORMIR MURMUROU O GATO NA MESA

A JANELA CONTINUOU A ENCARAR A ESCURIDÃO DA NOITE SOMBRIA
ENQUANTO O VENTO SOPRAVA SÓ NAS CASAS VIZINHAS
UM DIA VOU ESPERAR PELO SOL QUENTE DISSE A JANELA
E QUANDO ELE CHEGAR O VENTO JÁ NÃO ME FARÁ MAIS DIFERENÇA

QUEM SABE UM DIA ME APAIXONE POR UMA PEDRA LISA
DAQUELAS ESCOLHIDAS A DEDO PARA SEREM ESTILINGADAS
UMA PEDRA PERDIDA DESTINADA A UM NINHO ABANDONADO
CHUTE DA BOLA NOVA NOS PÉS DE UM MOLEQUE LEVADO

VOU TE ESPERAR ATÉ QUEBRAR, SÓ A MOLDURA VAI RESTAR
MAS O VIDRO SERÁ NOVO SEM LEMBRANÇA DA VOZ MACIA
AQUELA VOZ DO VENTO QUE CANTAVA TODA NOITE
SEM A LEMBRANÇA DE UM TOQUE VAZIO E DECADENTE

SÓ AS JANELAS DE VIDROS NOVOS DEIXAM O SOL ENTRAR
ATRAVESSAR POR ELAS SEM NENHUMA MACULA IMPEDIR
SÓ ELAS CONSEGUEM SENTIR TODAS AS GOTAS DA CHUVA CAIR
ESCORRER SEM NADA PARA AS IMPEDIR DE ROLAR

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